lunes, 30 de mayo de 2011

Vale a pena ler: Este lado do paraíso

Acordou rindo e seus olhos percorreram com preguiça o ambiente, sem dúvida um quarto com banheiro num hotel de categoria. Sua cabeça zumbia. Imagem após imagem se formava, perdia a nitidez e dissolvia-se diante de seus olhos, mas, fora a vontade de rir, ele não tinha nenhuma reação inteiramente consciente. alcançou o telefone ao lado da cama.
"Alô? Qual é o nome deste hotel? Knickerbocker? Muito bem, traga-me dois uísques com soda." 
(Este lado do paraíso, F. Scott Fitzgerald, pág. 237)

lunes, 23 de mayo de 2011

Día de la memoria

Ontem assisti ao documentário El Nuremberg argentino, sobre o julgamento, em 1985, dos ex-ditadores que comandaram o país de 1976 a 1983. Quando estive em Buenos Aires, em março deste ano, participei da Marcha de la memoria, que lembra e pede justiça pelos crimes cometidos durante os governos militares, como tortura, sequestros e o desaparecimento de 30 mil civis. Algumas fotos daquela tarde-noite fria, de mate, pizza e San Telmo.







viernes, 20 de mayo de 2011

Politicamente fascista

Alguns trechos do excelente texto de Marcelo Coelho publicado na Folha de São Paulo da última quarta-feira. 

"O comediante Danilo Gentili pediu desculpas pela piada antissemita que divulgou no Twitter. A saber, a de que os velhos de Higienópolis temem o metrô no bairro porque "a última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz". Aceitar suas desculpas pode ser fácil ou difícil, conforme a disposição de cada um. O difícil é imaginar que, com isso, ele venha a dizer menos cretinices no futuro"

"A questão é que o rótulo vende. Ser "politicamente incorreto", no Brasil de hoje, é motivo de orgulho. Todo pateta com pretensões à originalidade e à ironia toma a iniciativa de se dizer "incorreto" --e com isso se vê autorizado a abrir seu destampatório contra as mulheres, os gays, os negros, os índios e quem mais ele conseguir"

"Não nego que o "politicamente correto", em suas versões mais extremadas, seja uma interdição ao pensamento, uma polícia ideológica. Mas o "politicamente incorreto", em sua suposta heresia, na maior parte das vezes não passa de banalidade e estupidez. Reproduz preconceitos antiquíssimos como se fossem novidades cintilantes. "Mulheres são burras!" "Ser contra a guerra é viadagem!" "Polícia tem de dar porrada!" "Bolsa Família serve para engordar vagabundo!" "Nordestino é atrasado!" "Criança só endireita no couro!"
Diz ou escreve tudo isso, e não disfarça um sorrisinho: "Viram como sou inteligente?". 

Vale a pena ler a íntegra aqui.

lunes, 9 de mayo de 2011

John Fogerty: carta a um amigo


Fogerty em BH, no último sábado - Crédito Gualter Naves/Divulgação

Federico, foi inevitável não me lembrar de você neste último sábado. Imaginei seu sorriso de criança ao ver John Fogerty surgir no palco com a voz rasgada e a camisa xadrez. Uma pena você não estar aqui em BH...

Nas quase duas horas de show, pensei em como você ficaria feliz ao ver seu ídolo ao vivo, meu amigo. John abriu a noite com Hey tonight, e aqueles fins de tarde no Domus, quando você tocava sua bela guitarra e berrava para aliviar a tensão que a cidade grande insiste em colocar nas suas costas, vieram-me à cabeça e me encheram o peito.

Em menos de trinta minutos no palco, Fogerty já havia tocado com quatro guitarras diferentes. Não tenho dúvidas de que você ficaria encantado com a Gibson dourada. Quando fomos ao show do Bob Dylan, que sequer deu boa noite para o público, você me disse: “Se um dia você vir John Fogerty ao vivo, verá o que é um show!”. Você estava certo – apesar de até hoje eu não sentir falta do “boa noite” de Dylan naquela linda noite de 2008, quando o verão portenho já dava seus ares finais. John Fogerty sabe mesmo fazer um show, é certo. E a banda dele é sensacional, tem até um guitarrista gordinho com pinta de metaleiro que lembra Quique, o gordito.

Fogerty pulava como um menino no palco, corria de um lado para o outro. Conversou com a platéia, se divertiu e mostrou que a voz continua inconfundível. Você ficaria extasiado ao vê-lo tocar Midnight special, Cottom fields, Born on the bayou, Traveling band e Proud Mary. Se emocionaria, com a discrição que lhe é peculiar, ouvindo Long as i can see the light. I heard through the grapevine dispensa comentários. Para sorte de quem ali estava, John ainda tocou alguns clássicos: Blue suede shoes, Good golly miss Molly e Oh, Pretty Woman. Que grande show de rock!

Ao ler essa carta, meu amigo Fede, pegue a guitarra, feche os olhos, prepare a voz e imagine-se tocando ao lado de John Fogerty. Exatamente como você fazia em Rauch, quando, naquele momento, nada mais importava, a não ser o bom e velho rock and roll e a beleza de poder sonhar.
 
Texto originalmente publicado no site da Revista Ragga.