miércoles, 9 de junio de 2010


Apesar da face destruída,
da criança desnutrida
do Sistema que me trucida
das meninas que me animam
dos amigos que me alegram
das ruas que me inspiram
dos versos que me pegam
na contramão da avenida;

Apesar da comida mal servida
da noite mal dormida
da mulher mal comida
da vida mal vivida
da dor que ainda grita
da droga que me agita
da terra não-dividida
do silêncio, da calmaria.

Apesar de tudo isso,
digo, meus caros, portanto,
e não é para tanto
como um Dia do Fico
que se houver alguma suspeita
cheiro ou sinal de cartas na mesa
que seja um vestígio
ou um vento intrometido
não vacilo em afirmar
que os senhores podem contar comigo.

4 comentarios:

Eric Bustamante dijo...

As cartas foram lançadas sobre a mesa na hora em que o médico lhe arrancou o choro com um belo tapa na bunda. Também recebi o tal tapa, por isso conto contigo. O engraçado é que a vida é um jogo que ninguém ganha. Mesmo escondendo na manga as melhores cartas durante toda a partida, no final, todos perdem... O negocio é continuar jogando por diversão, não para vencer. Um abraço Bruno, belos versos.

Maíra Vasconcelos dijo...

Muito bom !

Beijos.

Bruno Mateus dijo...

Camarada Eric, além de tomar um tapa na bunda e chorar, choramos, também, vendo a cara do padre na hora do batizado. Concordo com vc, o lance do jogo é se divertir sem se preocupar em ganhar, porque, como vc bem disse, desse jogo não sai nenhum vencedor. Então, que saibamos tirar prazer e diversão de todas as nossas jogadas, sejam elas conscientes ou não.
Maíra, valeu pela visita... Já estava sentindo falta dos seus comentários. Beijos.

Thaís Pacheco dijo...

Que chocante isso!

Eu tô dentro também.

Aceito até acreditar que é jogar pra vencer.